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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

il regista

A história do futebol é feita de grandes magos que por vezes não conseguem ganhar títulos porque o colectivismo é determinante. 
Contudo, a história de Paulo Sousa é feita sobretudo de títulos, não de futebol de arte.





Sempre foi expoente máximo do rigor tático e da inteligência ao serviço do todo. Individualismo desprezado em nome do sucesso. E assim ganhou tudo. O dom de estar no local certo na hora exacta tornou-o no único português a sagrar-se campeão europeu em dois anos seguidos por dois clubes diferentes. Mesmo no mundo são poucos, muito poucos.

Paulo Sousa nasceu para ser homem marcante, polémico. Despertou ódios. Como todos os homens que conseguem ser grandes, despertou também paixões. Uma noite, no Bessa, saltou para as primeiras páginas por ter jogado... a guarda redes.... Neno foi expulso, mas o Benfica conseguiu vencer por 3-2 com o médio longos minutos de luvas calçadas.


Mas mais marcante acabaria por ser a polémica transferência do Benfica para o Sporting. Foi ameaçado depois do rocambolesco episódio. Cegos pela paixão, os benfiquistas destilaram raiva imensa. Uma lição de vida:«o rancor é consequência da inveja. Muitas vezes as pessoas chegam detestar-se a si próprias por não serem aquilo que gostavam de ser. Estão completamente erradas e manifestam-se de formas menos correctas. Nunca no Benfica andei a enganar o clube. Andei lá para os ajudar e ajudar-me a mim próprio. Dediquei-me, lutei, esforcei-me. O problema de muitos clubes e também do Benfica é que existem pessoas hipócritas e mentirosas. Durante algum tempo não me pagaram, mas o que mais me doeu foi que essas pessoas que me conhecem bem, não foram correctas comigo e mentiram-me nos olhos....».


Não conseguiu títulos em Alvalade, coisa rara para si. E assim a troco de 800 mil contos, dos quais 200mil foram directamente para si pela assinatura de contrato, trocou Lisboa por Turim. Na Juventus teve o que mais queria: Ganhar! É verdade que perdeu a taça UEFA para o Parma de Fernando Couto no primeiro ano, mas sagrou-se campeão de Itália, coisa que nenhum português fora antes.


Foi apenas o início da gloriosa caminhada. Queria mais, muito mais. O céu sempre foi o seu limite. Quando 24 horas após a dramática derrota por 3-6 frente ao Benfica em Alvalade, foi contactado pela "Juve", percebeu que surgira a oportunidade de conquistar o mundo. E por isso partiu para Turim acompanhado por Roberto Bettega e Marcelo Lippi. Luciano Pavarotti, adepto entusiasta da Juventus diria, radiante:«Quem constrói uma orquestra não pode começar pelo primeiro violino ou trombone. Deve começar pelo director. Contratando Paulo Sousa a Juventus assegurou um jogador de grande personalidade, com condições para levar a equipa pela mão e fazê-la amadurecer».


Não se enganou o famoso cantor lírico. O futebol de raiva e nervo, mas de muito génio também, levou o Guerin sportivo, um dos baluartes da exigente imprensa italiana, a considerá-lo o melhor jogador do calcio na época de 1994/95. Mas queria mais e só quando se sagrou campeão europeu os seus olhos brilharam. Tudo o que sonhara se tornava realidade. A sua ambição encontrara reflexo à altura do esperado.

2 comentário(s):

BRILHA_SLB2 disse...

Grande senhor joagador o Paulo Sousa.

31 de outubro de 2012 às 12:46
xouri disse...

é isso Paulo, ganhar ganhar ganhar!
e só se consegue esta mentalidade se souber perder melhor, do que ganhar

31 de outubro de 2012 às 15:58

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